sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Babilônia Perdida

As luzes dos bordéis iluminavam a rua estreita. Shirley caminhava exausta depois de mais uma noite cansativa. Atendera 5 clientes distintos. Um homem gordo de hálito fétido que lhe chamava de paixão enquanto se deliciava em suas entranhas, um velho paralítico da cintura para baixo, um negro que lhe machucara, um homem simples que lhe causou afeição e uma viúva. As suas pernas doíam e lhe escorria pelas pernas um sangue ralo. Imaginou que um banho a faria sentir-se melhor. Quando aproximou-se da metade do caminho ouviu um ruído que vinha ao seu encontro. Virou-se quando viu o homem que lhe amara horas antes golpear-lhe com força.

Acordou algum tempo depois despida em um quarto escuro. No canto o homem lhe observava. O maníaco levantou e caminhou em sua direção, socou-lhe o rosto algumas vezes e novamente foi sentar no canto do quarto. Shirley sentia o sangue escorrer-lhe das entranhas e do rosto. Pela segunda vez o homem foi ter ao seu encontro. A prostituta morreu como se adormecesse. O homem limpou a sujeira e livrou-se do corpo horas depois.

Quando chegou à porta do Céu foram dizer-lhe que sua presença não era bem vinda. Chorou, gritou e esperneou tanto que chamaram Deus. O homem chegou esbaforido.

- Diabos, esqueceram de dizer que se tratava de uma prostituta. Onde está o responsável?

Um Anjinho eunuco apareceu e resignou-se diante do Senhor. Um raio lhe arrancou dessa pra uma melhor. Depois foi ter Deus com a mulher.

Discutiram durante semanas. A mulher querendo entrar e Deus negando o acesso ao Céu. O motivo: "A senhora não tem cadastro aqui, impossível a senhora entrar".

A mulher cansada resolveu sentar. O Senhor desculpou-se e entrou. Um séquito o acompanhou. Uns admiravam a mulher com desejo, outros com horror.

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